Pra começar, o que é sociocracia??

2/1/20255 min read

A sociocracia é um conjunto de princípios e práticas que promovem o compartilhamento de poder de maneira coordenada em uma organização ou grupo de pessoas. Ao contrário de sistemas hierárquicos tradicionais, onde o poder tende a se concentrar em níveis superiores, a sociocracia busca distribuir a tomada de decisão de forma que todos tenham voz e influência sobre as decisões que afetam suas funções e responsabilidades.

Para começar, o que é sociocracia?

Os princípios

O modelo sociocrático se baseia em princípios como a equivalência, a transparência e a eficácia. A equivalência assegura que todos os membros de um grupo tenham igual oportunidade de participar e contribuir nas decisões, evitando assim a centralização de poder. A transparência visa garantir que as informações necessárias para a tomada de decisão estejam acessíveis a todos, promovendo um ambiente de confiança e clareza. Já a eficácia é alcançada por meio da criação de círculos autônomos, que são grupos de trabalho com autoridade para tomar decisões sobre suas próprias áreas de atuação, mantendo-se alinhados aos objetivos gerais da organização.

As reuniões

As reuniões na sociocracia são conduzidas de maneira estruturada para garantir que todos os participantes tenham a oportunidade de expressar suas opiniões. Nessas reuniões, um facilitador é responsável por manter a ordem e garantir que a agenda seja cumprida, utilizando ferramentas específicas como a rodada de feedback, o consentimento e a formulação de propostas para que cada decisão seja tomada de forma colaborativa.

Elos duplos

Os elos duplos são uma prática única da sociocracia que visa manter a comunicação e a coerência entre os diferentes níveis de uma organização. Cada círculo é conectado ao círculo de nível superior através de dois elos: um líder de círculo, que representa o nível superior e traz informações para o círculo, e um representante eleito pelo círculo, que comunica as necessidades e as preocupações do círculo ao nível superior.

Essa prática de elos duplos permite que a organização mantenha um fluxo de comunicação bidirecional, onde as necessidades e decisões de um círculo são compreendidas e levadas em consideração pelo nível superior. Isso aumenta a transparência e a colaboração entre os círculos, garantindo que todos estejam alinhados e que as decisões reflitam as perspectivas de toda a organização. Além disso, essa estrutura evita a centralização do poder e promove um ambiente mais democrático e integrado.

Papéis e responsabilidades

Na sociocracia, o trabalho é estruturado em papéis específicos que são nitidamente definidos quanto ao propósito e às responsabilidades. Isso não só proporciona maior entendimento, mas também permite que as pessoas se alinhem com atividades que estão diretamente conectadas com suas habilidades e interesses. Cada papel tem uma descrição que inclui o propósito (a razão de existir), as responsabilidades (o que precisa ser feito) e, em alguns casos, os domínios (as áreas de autoridade).

Esse nível de especificidade facilita a responsabilidade individual e ajuda as pessoas a entenderem como o trabalho delas se conecta aos objetivos mais amplos da organização. Além disso, a boa definição dos papéis facilita a adaptação e redistribuição de responsabilidades em resposta a mudanças, tornando a organização mais ágil e adaptável.

A tomada de decisões

A sociocracia se utiliza de um conceito específico para a tomada de decisões chamado consentimento. O consentimento prioriza a busca por soluções que sejam “boas o suficiente” para avançar e que não encontrem objeções fundamentadas. Diferente do consenso, onde todos precisam estar de pleno acordo, no consentimento, uma decisão é aprovada desde que não hajam razões reais para paralisar o processo. Esse processo é facilitado por rodadas de Entendimento Considerações e Objeções, onde os participantes têm a oportunidade de questionar as dimensões da proposta e expressar quaisquer preocupações.

Outras práticas de tomada de decisão incluem a eleição por consentimento e o feedback contínuo, que ajudam a construir um ambiente adaptável e em constante melhoria.

A sociocracia como vetor para um design organizacional responsivo e adaptativo

A sociocracia é uma abordagem poderosa para um design organizacional com estruturas capazes de responder rapidamente a mudanças e se adaptar às demandas de um ambiente complexo e volátil. Ao descentralizar a tomada de decisão e distribuir o poder, a sociocracia permite que as organizações se tornem mais responsivas, ou seja, capazes de reagir de forma ágil e coordenada a novas informações e circunstâncias.

A natureza adaptativa da sociocracia vem do modo como ela organiza os grupos de trabalho em círculos autônomos e interconectados. Cada círculo é responsável por um domínio específico de atividades, o que permite que ele tome decisões de forma independente, mas sempre alinhado aos objetivos gerais da organização. Essa estrutura descentralizada cria um ambiente onde a informação flui mais rapidamente e onde as respostas podem ser ajustadas em tempo real, sem depender de uma cadeia de comando tradicional.

Além disso, a sociocracia fomenta uma cultura de aprendizado contínuo e feedback, o que é essencial para a adaptabilidade. Ao utilizar práticas como a avaliação regular de processos e decisões, as organizações sociocráticas conseguem ajustar suas estratégias e operações de forma contínua. Isso é especialmente útil em ambientes complexos, onde é fundamental que as equipes possam identificar rapidamente o que funciona e o que precisa ser melhorado.

Outro aspecto crucial da sociocracia é o foco no consentimento, em vez do consenso, para a tomada de decisões. Isso significa que uma proposta é aprovada se não houver objeções fundamentadas, o que evita bloqueios e promove a ação rápida. Esse sistema de decisão facilita a experimentação e a implementação de mudanças incrementais, ajudando a organização a se adaptar sem grandes rupturas.

Por fim, ao cultivar a equivalência e a transparência, a sociocracia incentiva a participação ativa de todos os membros. Isso não só melhora a qualidade das decisões, já que mais perspectivas são consideradas, mas também aumenta o comprometimento e o senso de pertencimento das pessoas envolvidas. Como resultado, as organizações sociocráticas tendem a ser mais resilientes, já que conseguem se reinventar e evoluir de acordo com as necessidades do contexto.

A imagem abaixo apresenta possibilidades de estruturas organizacionais que podem ser criadas/ adaptadas dependendo do contexto